Ciência

Psicadélicos Associados a Aumento Sustentado no Propósito Existencial

Uma meta-análise de três investigações sobre substâncias psicadélicas revela que os participantes tendem a reportar maior sensação de propósito existencial após estas experiências, ou por outras palavras, a sensação de que a existência tem direção, coerência e importância, tipicamente associada a valores pessoais, vínculos afetivos ou ligação a dimensões transcendentes. Os investigadores observaram um padrão consistente: os indivíduos sentiram que as suas vidas ganharam maior significado, enquanto a necessidade ativa de procurar esse significado diminuiu. O trabalho foi divulgado na Frontiers in Psychology.

O trabalho combinou resultados de três desenhos experimentais. Uma investigação acompanhou pessoas que frequentaram retiros com cerimónias de psilocibina ou ayahuasca, monitorizando-as desde duas semanas antes até seis meses após as sessões. Outro estudo laboratorial testou 28 voluntários sem experiência prévia, administrando-lhes duas doses de psilocibina em sessões distintas — uma inativa e outra terapêutica — avaliando os efeitos duas semanas depois. A terceira investigação comparou psilocibina com um antidepressivo convencional (escitalopram) em pacientes com depressão que não respondiam aos tratamentos habituais.

Independentemente do contexto, todos os participantes reportaram crescimento significativo na perceção de que as suas vidas tinham sentido. Este fenómeno mostrou relação moderada com melhorias no bem-estar psicológico e redução de sintomatologia depressiva. Experiências caracterizadas por dimensões místicas, dissolução temporária do ego e processos emocionais intensos revelaram-se particularmente associadas a estes ganhos.

Os autores sublinham a convergência de evidências apontando para benefícios consistentes e prolongados. Reconhecem, contudo, fragilidades metodológicas importantes: a elevada perda de participantes no estudo naturalístico pode ter enviesado os resultados favoravelmente, e a dependência exclusiva de questionários auto-administrados limita a objetividade das conclusões.

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