LSD
O LSD, ou dietilamida do ácido lisérgico, é um derivado psicoactivo do ácido lisérgico, frequentemente designado de ‘ácido’. É a substância psicadélica mais presente na cultura popular.
O LSD é uma molécula semi-sintética originalmente derivada do esporão-do-centeio (ou cravagem). Muito associado à cultura hippie e artística nos anos 1960s e 1970s nos EUA, o LSD é o psicadélico mais reconhecido, mais vezes estudado, e provavelmente o mais usado nos últimos 50 anos.
O LSD foi descoberto em 1938 quando o químico suíço Albert Hofmann sintetizou a molécula em Basel, Suíça. Anos mais tarde, uma pequena quantidade da droga entrou em contato com sua pele e ele inesperadamente descobriu os seus efeitos psicadélicos. Alguns dias mais tarde, efetuou aquela que foi a primeira toma intencional com LSD (com 250 mcg), numa experiência que ficou célebre e é hoje assinalada como o Dia da Bicicleta (19 de abril).
A partir da década de 50, primeiro na Europa e depois nos EUA, foram efectuados dezenas de estudos sobre os efeitos terapêuticos do LSD, que se revelaram promissores. Contudo, esta substância foi progressivamente associada ao movimento da contracultura e à mobilização estudantil anti-guerra, sendo então falsamente estigmatizada e ilegalizada, na categorias de drogas sem potencial uso médico e com alto potencial para abuso, onde permanece até hoje.
Quando ingerido, e tal como vários outros psicadélicos, o LSD atua sobretudo através do sistema da serotonina. Dos 15 receptores de serotonina no cérebro, o LSD parece atuar principalmente no subtipo 2A (5-HT2A), que está envolvido em processos cognitivos no córtex pré-frontal, a área do cérebro responsável pelo comportamento cognitivo complexo, expressão de personalidade, tomada de decisão, e comportamento social. No cérebro, o LSD parece também estimular recetores da dopamina e da epinefrina (adrenalina).
Tal como todos os psicadélicos, os efeitos sentidos após a ingestão de LSD são complexos, imprevisíveis e bastante variáveis, quer entre pessoas diferentes como entre experiências diferentes na mesma pessoa (até com a mesmo dose). No entanto, alguns traços são frequentemente reportados, pelo menos em doses elevadas: a experiência “unitiva” (“somos todos um”); sentimentos de reverência e admiração suprema; percepção noética ou de revelação de uma verdade indesmentível; sensações de abertura emocional, de gratidão, serenidade e amor; a transcendência das dimensões de tempo e espaço; e o efeito de sinestesia ou a mistura de sentidos (p.ex, ver um som).
O LSD desintegra temporariamente a função de importantes redes neuronais no cérebro, permitindo um aumento dramático na comunicação entre áreas e redes que normalmente não interagem. O consequente aumento da sensibilidade a estímulos internos e externos e o aumento da flexibilidade, criatividade e de “expansão” de pensamento podem abrir uma importante oportunidade para a mudança. A redução na rigidez de pensamento, emoção e comportamento – uma característica comum a muitas doenças mentais ou situações de sofrimento psicológico – parece ser uma característica distintiva de experiências psicadélicas com efeito terapêutico ou transformador.
Tal como a psilocibina, o DMT e talvez outros psicadélicos, o LSD tem potencial terapêutico no tratamento de cefaleias em salva, dependências, depressão e ansiedade, quando utilizado em conjunto com psicoterapia. Poderá também contribuir para melhorar uma série de perturbações, incluindo depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de défice de atenção e hiperactividade (TDAH), distúrbios alimentares e, perturbações do espectro do autismo. No entanto, a investigação com LSD está hoje atrasada face ao estudo com psilocibina e MDMA, em parte devido ao estigma que a expressão “LSD” ainda transporta.
Nota: Esta informação foi adaptada das fontes abaixo indicadas (entre outras), onde está disponível mais informação.