Ayahuasca

A Ayahuasca é uma poção psicoactiva complexa, utilizada como medicina espiritual tradicional em cerimónias dos povos nativos da bacia da Amazónia.

A ayahuasca é preparada através da combinação de duas ou mais plantas nativas. A decocção mais comum é feita a partir das folhas do arbusto da chacruna (Psychotria Viridis), que contém DMT (N, N-Dimetiltriptamina), e dos caules esmagados da vinha de ayahuasca (Banisteriopsis caapi). Estes últimos contém alcalóides que atuam como inibidores da enzima monoamina oxidase (MAO), permitindo assim que o DMT exerça atividade psicoativa (psicadélica) no cérebro.

A ayahuasca é provavelmente a substância psicadélica mais popular em todo o mundo. É habitualmente consumida em cerimónias de grupo, através de ingestão, em uma ou várias tomas ao longo da sessão, de pequenas porções de uma bebida espessa (por vezes designada de chá), de sabor intenso. As cerimónias de Ayahuasca demoram várias horas, decorrem muitas vezes durante a noite e são habitualmente acompanhadas de música.

O consumo tradicional de ayahuasca (também conhecida como Caapi, Dápa, Mihi, Kahí, Natem, Pindé, Yajé, Daime, Vegetal, etc.) é nativo de várias comunidades da América do Sul, embora a sua origem seja desconhecida. Na floresta amazónica, alguns dos povos que consumiram ou consomem ayahuasca tradicionalmente são os Guahibo, Shipibo-Conibo, Shuar, Colorado, Ingano, Siona, Kofan, Witoto, Tukano, Desana, Yakuna, Ashaninka, e Kaxinawa. No Brasil, a Ayahuasca (ou “Huasca”) é usada como sacramento pelas igrejas Santo Daime, União do Vegetal e Barquinha.

(fonte: Medium)

A ayahuasca demora habitualmente entre 30-90 minutos até exercer os seus efeitos psicoativos, que podem ser intensos e acontecer de forma intermitente ao longo de várias horas. Após a ingestão de ayahuasca, as enzimas denominadas monoamina oxidases (MAO) do estômago e fígado, que normalmente metabolizariam o DMT, são bloqueadas, permitindo que esta molécula psicoactiva seja preservada na corrente sanguínea e atinja o cérebro. O DMT, a principal molécula psicoactiva presente na ayahuasca, pertence à classe das triptaminas (tal como a psilocibina ou o LSD), apresentando uma estrutura semelhante à do neurotransmissor serotonina.

Uma vez no cérebro, o DMT estimula receptores de serotonina (mimetizando os seus efeitos), desencadeando um conjunto complexo de “cascatas” nervosas cerebrais, que causam o estado alterado de consciência. É um potente psicadélico, encontrado em várias plantas que alteram o estado de consciência, e produz frequentemente alterações na perceção (visão, som, olfato) e um processo de introspecção profunda, podendo o consumidor contemplar inúmeras memórias, emoções, sensações e pensamentos num curto espaço de tempo.

A “purga” (vómito), uma presença frequente nestas sessões, é considerada por muitos como uma parte essencial da experiência, representando simbolicamente a libertação de energias negativas ou emoções acumuladas ao longo da vida. No entanto, não acontece para todas as pessoas e os efeitos psicoativos da ayahuasca, bem como os seus potenciais benefícios, não parecem estar dependentes desta ocorrência. Os efeitos e a potência da ayahuasca estão dependentes das plantas utilizadas, de como estas foram preparadas e da quantidade ingerida. Na maioria das cerimónias, não é possível determinar com precisão a dosagem da DMT (ou de outras substâncias) ingerida por cada participante.

Inúmeras histórias pessoais de “cura” ou melhoria do bem-estar, bem como a crescente investigação científica, sugerem que a ayahuasca pode beneficiar a saúde mental e física, e fomentar o auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal. As pesquisas efectuadas sugerem que a ayahuasca têm um efeito antidepressivo de ação rápida. Embora seja difícil identificar de que forma isto acontece, existem algumas evidências de que a ayahuasca induz mudanças na atividade da Rede de Modo Padrão, uma área do cérebro envolvida no transtorno depressivo major.

(fonte: The Guardian)

Os riscos do consumo de ayahuasca estão sobretudo associados aos processos de preparação antes da experiência (incluindo a identificação de contra-indicações médicas ou medicamentosas) e aos processos de “integração” da experiência, nos dias e semanas após a mesma. Por exemplo, a toma concomitante de alguns antidepressivos e de ayahuasca pode colocar em risco a saúde do participante. A experiência, o conhecimento, e o próprio número de facilitadores presentes na cerimónia podem também influenciar decisivamente o resultado da participação nestas sessões.

A popularidade crescente da ayahuasca levou a uma sobre exploração e colheita que muitos vêm como excessiva das plantas utilizadas. Existe a preocupação de que, no futuro, a ayahuasca possa desaparecer se a concentração de esforços para a sua sustentabilidade não for posta em prática.

Nota: Esta informação foi adaptada das fontes abaixo indicadas (entre outras), onde está disponível mais informação.