Psilocibina

A psilocibina é o principal composto responsável pelo potencial psicadélico dos “cogumelos mágicos”. Também é usada, sobretudo em estudos científicos, na sua forma sintética.

A psilocibina foi isolada em 1957, a partir dos cogumelos Psilocybe mexicana, pelo químico suíço Albert Hofmann, tendo sido sintetizada em 1958. Ingerida diretamente (numa cápsula) ou obtida após a ingestão e digestão de cogumelos psilocibinos, é convertida no corpo em psilocina, a principal substância psicoativa.

Existem mais de 180 espécies de cogumelos que contêm psilocibina (e psilocina, embora tipicamente em menor quantidade) incluindo os géneros Psilocybe (117 espécies), Gymnopilus (13 espécies), Panaeolus (7 espécies), Copelandia (12 espécies), Hypholoma (6 espécies), Pluteus (6 espécies), Inocybe (6 espécies), Cnocybe (4 espécies) ) e Agrocybe, Galerina e Mycena. Os princípios ativos presentes nos cogumelos psilocibinos são a psilocibina (4-PO-DMT), a psilocina (4-HO-DMT) e a baeocistina (4-HO-NMT).

Há milhares de anos que os cogumelos psilocibinos fazem parte de diversas culturas, particularmente dos povos Astecas Mesoamericanos da era Pré-colombiana e posteriormente, entre os Mazatecas e Zapotecas. Estes povos reverenciavam as visões induzidas pelo cogumelos e utilizavam-nos nos seus rituais religiosos para comunicarem com o mundo espiritual, com os espíritos dos mortos e para obter conhecimento. Eram também usados de forma medicinal.  Em Nahuatl, a língua dos astecas, o nome dos cogumelos psilocibinos é teonanácatl, que foi traduzido como “carne dos deuses”.


Os cogumelos psilocibinos produzem efeitos psicoativos comparáveis aos efeitos dos restantes “psicadélicos clássicos”: o LSD, o DMT (p.ex., presente na Ayahuasca) e a mescalina. A psilocibina, um composto similar ao neurotransmissor serotonina, liga-se aos receptores de serotonina e desencadeia um conjunto complexo de processos, afetando a o input sensorial (a perceção), o pensamento e também a resposta afectiva. A experiência deste estado alterado de consciência é descrita como uma “viagem” interna e pode ser composta por diferentes fases com efeitos variados e imprevisíveis.

Estudos recentes observaram a capacidade da psilocibina de induzir experiências místicas em contextos controlados e em doses altas. Essas experiências místicas incluem sentimentos de numinosidade, estados emocionais profundamente positivos, unidade interna, transcendência de tempo e espaço, inefabilidade e um senso de unidade e interconexão com todas as coisas. A psilocibina parece provocar uma melhoria de humor e um viés positivo na percepção de estímulos, eventualmente através da diminuição da atividade da amígdala, a estrutura cerebral responsável pelo processamento de emoções potencialmente ameaçadoras.

Fonte: New York Times

Recentemente, vários ensaios clínicos exploram o uso da psilocibina para o tratamento da depressão e da ansiedade em pessoas com diagnósticos potencialmente terminais, com resultados promissores. A psilocibina também tem sido utilizada em pesquisas para o tratamento de cefaléias em salvas (cluster headaches), bem como para o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras condições. Estudos sobre o uso de terapias com uso de psilocibina para reduzir o consumo de tabaco e álcool mostram também um considerável potencial.

Tal como os restantes psicadélicos clássicos – o LSD, o DMT e a mescalina – os riscos estimados da ingestão da psilocibina estão considerados entre os mais baixos de todas as substâncias psicoativas. Não são aditivos, não são tóxicos (têm um impacto fisiológico baixo) e não existe uma dose conhecida que provoque uma overdose fatal. Quanto aos riscos psicológicos, a possibilidade de uma viagem negativa (que o participante no final desejasse não ter tido) existe, mas está geralmente associada a más condições de contexto da toma (o chamado set and setting). Pessoas com história pessoal ou familiar de psicose ou doença bipolar poderão também ver aumentado o risco de a toma desencadear uma crise.

Nota: Esta informação foi adaptada das fontes abaixo indicadas (entre outras), onde está disponível mais informação.

https://psychonautwiki.org/wiki/Psilocybin

https://thethirdwave.co/psychedelics/shrooms/