Rita

45 anos – Psicóloga clínica

O meu trabalho com psicadélicos iniciou-se já na idade adulta e sempre com uma intenção terapêutica.

Um dos grandes trabalhos que fiz com o MDMA relacionou-se com a consciência de que poderia ajudar com traumas no corpo instalados durante a infância e adolescência. Sentia que estava curada dos traumas a nível emocional, social, mas faltava o corpo curar essas memórias.

Assim sendo, aprofundei a abertura e sensibilização do corpo, através da nudez e da respiração consciente. Isto acabou por instalar novas sensações, limpando os bloqueios e criando novas memórias no corpo para substituir a memória traumática. Explorei muito os 5 sentidos nestas experiências, é algo que gosto de fazer, trazer novas abordagens.

Também trabalho muito com cogumelos, sendo as melhores experiências sozinha, em casa, com uma venda e indo para dentro de mim. Geralmente vejo animais místicos, guias, pessoas, cores em tons diferentes. Trouxe-me uma confiança e um crescimento de maturidade enormes e reforçou a minha ligação à Natureza, tendo criado uma ligação ainda mais íntima.

Tive várias experiências em ayahuasca, a primeira em minha casa com uma xamã, que correu muito bem. No entanto, ainda estou a recuperar de uma toma de ayahuasca que não correu tão bem, devido a algumas variáveis. O grupo era demasiado grande e não houve uma preparação rigorosa. Eram só 2 pessoas para 16 pessoas e não conseguiram ajudar devidamente quem estava a ter processos mais complicados. O facto de ter um ego bem estruturado fez com que conseguisse suportar a sessão, mas acabei por ter sintomas físicos de trauma.

Daí realça a importância de uma boa preparação, seja em sessões individuais e coletivas. No meu caso enraízo-me bem, limpo o espaço e coloco uma intenção. Trabalho também muito a integração depois destas experiências, comigo ou com outros colegas psicólogos, em contexto terapêutico. O escrever também ajuda bastante.

Nota: Alguns nomes nos testemunhos foram alterados para assegurar o anonimato.