Este artigo publicado na conhecida revista Women’s Health, explora o uso emergente de cogumelos psicadélicos como possível tratamento para a depressão pós-parto (DPP). Mulheres que não encontraram alívio nos métodos tradicionais, relatam experiências transformadoras com a psilocibina. Diante de sintomas como desconexão emocional, culpa e ansiedade, mães como Nohea — que enfrentou DPP grave após dois partos — relatam experiências transformadoras. Esta mãe, tomou 3,5 g de cogumelos enquanto amamentava o filho, descrevendo sensações de “leveza”, “euforia” e uma profunda ligação com o bebé. Reforçando este tipo de relato, uma iniciativa de “ciência dos cidadãos”, a Mothers of the Mushroom, inquiriu 412 mães sobre estas experiências e identificou benefícios como redução da ansiedade, elevação do humor e fortalecimento dos laços afetivos.
Ao nível científico, apesar do crescente interesse internacional em psicadélicos para diversas formas de depressão, a DPP tem sido negligenciada devido à complexidade — envolve alterações hormonais, amamentação e vulnerabilidade neonatal. Contudo, emergem estudos promissores: a empresa Reunion Neuroscience lidera um ensaio norte‑americano com 72 participantes, usando o composto RE104, análogo sintético da psilocibina, de ação mais curta (cerca de 4 horas). O estudo é randomizado, controlado e foca mulheres não‑lactantes, com conclusão prevista para o segundo semestre de 2025.

O RE104 surge como alternativa de administração única, rápida e menos dispendiosa em recursos clínicos — em contraste com tratamentos existentes, como o brexanolone (infusão contínua de 60 horas) ou os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, cuja eficácia é mais lenta e pode implicar exposição do bebé via leite materno.
Especialistas alertam para a necessidade de rigor científico e supervisão médica em futuros estudos, para distinguir os efeitos farmacológicos dos contributos da psicoterapia de suporte. Embora os dados sejam ainda preliminares, o estatuto de “terapia inovadora” atribuído pela FDA à psilocibina para depressão grave em 2019 reforça o seu potencial terapêutico.
Enquanto o uso recreativo persiste entre mães que procuram alívio imediato, a investigação clínica avança no sentido de tratamentos seguros e validados para DPP, mas ainda será necessário aguardar vários anos até a eventual aprovação e disponibilidade deste tipo de terapias. Leia o artigo integral na revista Women’s Heath aqui.