Testemunhos
#ayahuasca#bufo alvarius#ibogaina#MDMA

Cristiano

47 anos – Ex-cineasta, facilitador

A minha primeira experiência com psicadélicos foi aos 18 anos. Dos 20 aos 30 anos tive experiências de adição com MDMA, LSD, marijuana, álcool e cocaína. Foi uma altura difícil e, após algum tempo consegui realizar o processo de recuperação, mas acabei por ter uma recaída devido ao burnout. O mercado no qual eu me movia era muito competitivo e exigente e existia muito risco para conseguir fazer os filmes.

Fui diagnosticado com transtorno bipolar e tive acompanhamento psiquiátrico e medicação, mas no fundo, não estava a conseguir trabalhar em algumas questões mais profundas e isso acabou por contribuir para o burnout. A primeira toma de ayahuasca foi aos 17 anos, mas não tinha chegado a entrar dentro do processo porque o contexto muito religioso em que a tive a toma não contribuiu para uma melhoria.

Acabei por conhecê-la de forma mais verdadeira há 3 anos e foi isso que fez toda a diferença. Foi a ferramenta que me fez sentido para tratar as minhas questões emocionais e para ir à fonte. Era difícil perdoar-me pelas coisas que tinha feito durante a época da adição, como o relacionamento com a minha filha, com a minha família, com os relacionamentos amorosos. Felizmente tenho processado esses sentimentos de uma forma mais saudável e profunda.

Com a psicoterapia e terapias em grupo, que duraram vários anos, consegui abordar apenas parcialmente estas questões, foi com a ayahuasca que consegui realmente ir à base de todas estas questões. Também me ajudou a construir um caminho espiritual que já vinha percorrendo.

Todos estes benefícios foram muito marcantes, de há 3 anos para cá. Tanto que acabei por vender a minha empresa no Brasil e fiquei um ano em processo intenso com a ayahuasca.

Também experimentei a ibogaína, que tem o poder de neutralizar a adição e de lidar com questões do passado, especialmente com a culpa, que é muito importante no processo de recuperação. Tive uma regressão a muitos momentos marcantes, até mesmo a memórias de infância. Saí desse processo revigorado e senti que tinha sido feito um reset, livrando-me de modos de pensamento ruminativos antigos e da dor que carregava e da qual era difícil livrar-me.

Depois, mudei-me para Portugal, em 2019. Fui fazer um retiro em Espanha foi uma experiência incrível, onde aprofundei muito o conhecimento e estudo das medicinas assim como a integração. Depois disso voltei para Portugal onde continuei o meu processo interno. Tomei também contacto com as medicinas do Bufo Alvarius, San Pedro, Kambo, Sananga e Rapé.

Todo o processo com as plantas medicinais fez com que readquirisse o meu amor próprio, autorrespeito e reconexão com as pessoas que amo. Aumentou a minha capacidade de ver a minha sombra, o meu medo, a minha raiva, a minha amargura, que não consegui trabalhar profundamente mesmo com a psicoterapia que durou muitos anos.

Só tenho a agradecer às plantas medicinais e consegui transformar totalmente a minha vida, que está muito diferente. Consegui reconectar-me comigo mesmo quando achei que nunca mais o conseguiria fazer. Tenho agora uma forma mais aberta de me relacionar com as pessoas, a vida tem-me dado novos amigos e novas relações. Fiquei muitos anos ligado ao material, ao aparente, ao ter ao invés de ser.

As plantas medicinais não me ajudaram apenas em partes estanques da minha vida, foi muito maior e mais profundo do que isso. Eu nunca imaginei que fosse novamente ter um contentamento constante na minha vida, como tinha na infância e recuperei novamente esse sentimento.

A relação que estou a construir com a espiritualidade é completamente orgânica e palpável, nunca imaginei que isso fosse acontecer desta forma. Entendo agora a força e o poder da oração, e tenho estado muito aberto ao conhecimento místico do Universo e da alma.

É difícil por pôr palavras, é tão maior do que eu poderia imaginar quando entrei neste caminho.

Realmente acredito neste caminho do fundo do meu coração e sei que é um caminho que pode resgatar a alma, o coração e a própria alegria de viver.

Nota: Alguns nomes nos testemunhos foram alterados para assegurar o anonimato.