Testemunhos
#LSD#MDMA#psilocibina

Martin

30 anos – Ex lutador de artes marciais, facilitador

A minha primeira experiência com cogumelos mágicos foi há 10 anos, numa praia na Tailândia, numa festa de lua cheia. Não foi o melhor sítio para experimentar psicadélicos, porque havia demasiadas pessoas. Não tive vontade de participar na festa, acabei por conversar com várias pessoas e, na altura, fiquei muito desapontado com a experiência porque achava que seria algo que seria algo que me iria fazer aproveitar mais a festa.

Seis anos depois, numa altura em que estava a lidar com uma concussão, experimentei novamente psilocibina. Desta vez foi no meio da natureza e a experiência correu melhor.

As experiências no meio da Natureza são muito fortes, mas há que ter cuidado em preparar um setting confortável, pois pode ficar frio ou a pessoa pode ficar confusa por não conhecer bem o local (como já me aconteceu) e a experiência torna-se desagradável devido a isso.

As sessões que correm melhor são as que são feitas em settings confortáveis e com uma pessoa ou mais pessoas com as quais tenhamos confiança, especialmente se se tratarem de sessões mais profundas. As experiências não têm de ser desconfortáveis e duras para serem significativas, podem ser suaves e chegar-se, à mesma, ao nível de consciência que se procura.

Foi o que aconteceu com uma experiência com psilocibina com uma dose de 5 g, o suficiente para ter uma viagem profunda, em privação sensorial, e acompanhado por uma pessoa. Nessa altura tive uma sensação de fusão com a consciência, tudo o que eu conhecia como sendo Martin desapareceu. Vi o mundo de outra perspetiva, vi tudo na Natureza, até ao mais pequeno átomo.

O acompanhamento de outra pessoa foi importante para este processo se desenrolar desta forma. De outras viagens que fiz sozinho, com grandes doses, resultou uma sensação de solidão e isto foi confirmado pelos testemunhos de outras pessoas que fizeram o mesmo, portanto a presença e apoio de outra pessoa é realmente essencial.

Quando se toma cogumelos sozinho em doses grandes, é normal que se sinta que se está a morrer. Uma das minhas experiências foi excruciante porque pensei que ia ficar para sempre neste estado de morte e renascimento e que nunca voltaria ao normal. Isto assustou-me e durante algum tempo fiquei com medo de realizar novas sessões com grandes doses, daí realçar a importância de ter guias e um setting adequados, que ajudem a navegar este tipo de situações.

Estabelecer uma intenção antes da sessão é vital, porque a viagem psicadélica pode ser uma autêntica tempestade e é a intenção que ajuda a perceber o caminho e a não nos sentirmos completamente perdidos. A música é outro elemento importante durante a viagem, pois influencia a experiência. Pode ser também interessante gravar a sessão e até mesmo escrever depois da experiência, para se perceber a sessão e construir uma prática consistente a partir daí, para se continuar o trabalho que se iniciou nessa altura.

Há, hoje em dia, tantas cerimónias e tantas pessoas a fazerem este trabalho que acho que é importante ver se existe preparação e integração nestas sessões. É essencial perguntar o mais possível, para se sentirem seguros.

Para além de cerimónias e sessões individuais também iniciei, há 4 anos, a prática de microdosagem com cogumelos. Na altura era empreendedor e fiquei curioso para perceber se teria efeitos na minha performance e na empatia com as pessoas. Resultou numa maior ligação comigo e com as pessoas, assim como um maior foco e performance, e maior apuramento dos sentidos (visão e toque). Também experienciei microdosagem com LSD e dura mais tempo, sendo melhor para trabalho mais manual e focado. 

Os principais benefícios que retirei dos psicadélicos foram uma maior abertura para as pessoas e saltos quânticos na minha vida, quase como um upgrade. Adicionou muita riqueza, significado à minha vida e ajudam também a retirar o que já não serve.

Nota: Alguns nomes nos testemunhos foram alterados para assegurar o anonimato.