Cultura

Psicadélicos e Dança: Uma Conexão Transformadora?

A cultura da música de dança ocupa um papel significativo no ecossistema psicadélico, com muitas pessoas a terem as suas primeiras experiências com estados ampliados de consciência em contextos de música e dança. Num recente artigo publicado pela Multidisciplinary Associations for Psychedelic Studies (MAPS), é relembrada a importância dos espaços de música rave e underground que surgiram como refúgios para grupos marginalizados e onde se encontram histórias de resistência e resiliência.

Um exemplo emblemático é a house music, originada na comunidade queer racializada, que evoluiu para se tornar um refúgio contra a opressão. Celebra identidades interseccionais e estabelece espaços seguros onde a diversidade é festejada e a intolerância é rejeitada. Outro exemplo é a psy(chedelic)-trance, uma presença regular em “festivais celebratórios”, frequentemente com o uso de diversas correntes de música eletrónica.

A interseção entre dança e psicadélicos proporciona espaços para a libertação somática, para a celebração em grupo, e para a construção de comunidade, potenciando assim a transformação pessoal e o bem-estar individual e coletivo. A exploração e expressão do ‘Eu’, permite muitas vezes romper com crenças limitantes sobre identidade e expressão. Atualmente, vários são os eventos que combinam movimento, som e substâncias psicoativas para induzir estados ampliados de consciência, por vezes ecoando práticas sagradas das culturas indígenas.

O artigo da MAPS destaca ainda a importância de existir uma reflexão sobre a forma como a expansão do uso de psicadélicos deve ocorrer. Muitos dos espaços psicadélicos atuais estão ainda enraizados em dinâmicas culturais modernas que podem correr o risco de marginalizar comunidades indígenas. No entanto, abundam os espaços underground onde, através da dança e da música, se mantém viva a celebração da diversidade e da inclusão.

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