Cultura

Mainstreaming dos Psicadélicos e Psiconautas Famosos a Sair do Armário

Melissa Etheridge, Sting, Will Smith, Chris Martin e Elon Musk

Em 2018, o tema ‘psicadélicos’ estava limitado a alguns laboratórios de investigação científica e a uma certa cultura underground – hippies, hackers, cultura rave e, no Estados Unidos, a Silicon Valley – mantendo-se longe da vista, do conhecimento e do interesse da maioria dos cidadãos e muito distante dos palcos mediático. Um dos grandes responsáveis pela rápida transição do assunto para a cultura popular foi o livro Como Mudar a Sua Mente, de Michael Pollan, editado nos EUA em 2018, onde o conhecido jornalista norte-americano conta a história e a investigação sobre psicadélicos e partilha várias experiências pessoais com estas substâncias. 

Meios de comunicação como o The New York Times e o Washington Post começaram a cobrir o tema e isso abriu as portas para uma discussão cada vez mais aberta e ampla, abrangendo diferentes tipos de uso, com maior destaque para o uso terapêutico e para a investigação associada. A desestigmatização do consumo e popularização do tema nos meios de comunicação tradicionais tem sido possível por haver investigação científica que lhes é favorável – feita em instituições de referência e publicada em revistas credíveis, como a Nature ou o The New England Journal of Medicine.

Na Netflix, as experiências psicadélicas foram abordadas no documentário ‘Have a Good Trip’, onde várias figuras públicas partilham as suas experiências, e num dos episódios do The Goop Lab, onde Gwyneth Paltrow e a sua equipa exploram o seu potencial curativo. Mais recentemente, na Hulu, a série Nove Perfeitos Desconhecidos, baseada no livro de Liane Moriarty, explora as questões relacionadas com os retiros psicadélicos – sendo um importante alerta para a importância do consentimento informado na terapia psicadélica.

Mas a ‘saída do armário’ (coming out) de algumas figuras públicas também tem sido importante para normalizar a utilização e afastar preconceitos. O cantor Sting, o actor Adam Scott, a comediante Chelsea Handler, o vocalista dos Cold PlayElon MuskWill Smith e Melissa Etheridge são algumas das figuras que recentemente admitiram e partilharam as suas experiências com psicadélicos (ou atitudes sobre eles) em termos elogiosos e promissores. Mencionam, como artistas, o potencial criativo das substâncias, mas, mais do que isso, frisam a expansão de consciência que isso lhes trouxe, como seres humanos.

Nem só artistas e músicos têm partilhado as suas experiências. A admissão de uso destas substâncias por investigadores ou cientistas – pessoas de meios tradicionalmente considerados mais ‘sérios’ – também tem ajudado a retirar o estigma ao seu uso, embora alguns estudos admitam que isso pode influenciar a percepção que o público tem da credibilidade da sua produção científica. 

Sair do armário – apesar dos desafios do processo em algumas situações – não é só importante para aceitação e afirmação da identidade do próprio utilizador: é uma responsabilidade pública e uma oportunidade de ampliar o debate e combater o estigma. O projeto ThankYouPlantMedicine tem sido dedicado a partilhar histórias pessoais neste contexto.

Will Smith fornece mais detalhes das suas experiências com Ayahuasca (premir na imagem)

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