Cultura

Amor, Intimidade… Podem os Psicadélicos Mudar os Relacionamentos?

Escutar e acolher o outro, partilhar o que importa mais, explorar a sexualidade sem filtros, ressignificar traumas sexuais. Quatro psiconautas contam como estas substâncias mudaram as suas relações, intimidade e sexualidade. 

Texto: Sofia Teixeira
Imagens: Eva Anjos

Quando começou uma nova relação há três anos, Susana*, hoje com 54 anos, optou por não incluir o namorado nas experiências com psicadélicos que fazia pontualmente. “Não foi pô-lo de parte, mas era uma coisa minha, que fazia no contexto do meu grupo de amigos, com que ele não tinha muita relação. Mas nunca escondi nada, contava-lhe e dizia-lhe: ‘um dia vens comigo’.” 

Esse dia aconteceu há cerca de um ano, quando a relação já durava há dois, e Susana diz que mudou tudo. “Fizemos uma experiência com LSD juntos e marcou-nos tanto, foi tão impressionante, que a nossa relação mudou completamente.” E não é que a relação estivesse com algum problema. “Mas aprofundou-se e intensificou-se de uma forma que nunca pensei que pudesse acontecer”, explica.

Intensificou-se a nível emocional, com diálogos mais autênticos e próximos, mas também a nível sexual, tanto durante, como depois da experiência. “Durante a experiência, a nível sexual, o apuramento de sentidos é imenso”, conta, sendo que diferentes substâncias lhe trazem diferentes sensações. “O LSD e a psilocibina estimulam mais a parte sensorial e visual, por isso, criam experiências mais fora da caixa, são aventura e uma montanha- russa. Com o MDMA e derivados, para mim, há uma sensação mais cosy, mais quente, mais de ‘estar debaixo da asa’, protegida”.

Quando partilha estas experiências com quem nunca usou psicadélicos há perguntas que ouve com frequência: “E não se fica dependente disso para ter sexo?” ou “E depois o sexo sem substâncias não é insatisfatório?” É perentória na resposta: “Não.” Mais: da sua experiência, acontece o oposto, porque o impacto positivo estende-se para além do efeito agudo e sente-se no dia a dia. “Os sentidos continuam apurados e afinados para o outro. O que acontece é que se aprende a tocar as cordas do instrumento musical que é o parceiro, para dar prazer, e depois não são necessárias substâncias para fazer isso.” 

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Este artigo está disponível na íntegra a Membros SafeJourney.

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