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Stanislav Grof

Stanislav Grof (1931-) é psiquiatra e talvez a autoridade mais experiente do mundo em psicoterapia psicadélica assistida e o principal líder no campo da Psicologia Transpessoal, a compreensão de que a consciência não está contida exclusivamente no corpo. A investigação sobre estados alternativos de consciência, que ele fez durante mais de cinquenta anos em Praga, na República Checa, e nos Estados Unidos, levou-o a tornar-se um dos principais impulsionadores do campo da Psicologia Transpessoal. Grof fundou a International Transpersonal Association e é um defensor dos benefícios da transformação interior que advêm do encontro com a morte.


A sua carreira incluiu a supervisão de mais de 3000 sessões com pacientes sob o efeito de psicadélicos. Ele usou tanto a terapia psicadélica, que envolvia uma ou duas sessões intensas com doses altas, como a terapia psicolítica, que envolvia uma série de administrações de doses moderadas. Grof foi formado como psiquiatra numa universidade de Medicina na Checoslováquia, onde foi admitido por um mero acaso. Cresceu durante uma ocupação nazi de seis anos, começando em 1939, e uma invasão soviética em 1948. Grof passou também por quatro meses de prisão com duros interrogatórios por suspeita de atividade anticomunista. Começou a trabalhar num hospital psiquiátrico em Praga numa época de práticas de tratamento draconianas, supervisionando 15 terapias de coma induzido por insulina por dia e 25 sessões de terapia eletroconvulsiva por dia.


Grof descobriu que as experiências iniciais que as pessoas tinham com a terapia psicadélica assistida eram extremamente imprevisíveis, com experiências pessoais a um nível sensorial, emocional e de processamento de memórias. Em estádios posteriores, entretanto, algo universal sobre a experiência humana confrontando a morte seria revelado. Praticamente todos os sujeitos que passaram pela experência intensa de terapia psicadélica experimentaram morte e renascimento de alguma forma. O paciente veria assim para além da sua vida atingindo uma compreensão sobre a jornada da alma que seria libertadora e curadora. Assim, ao perceber que a morte é seguida de renascimento, e ao ter outras experiências ao nível transpessoal, haverá lugar a um enorme potencial para curar a ansiedade humana, estimular a transformação interior, aliviar as pessoas de um sentimento de isolamento e conectá-las à psique coletiva da humanidade.

Grof e Joan Halifax (1977)

Grof descobriu que, nos estádios iniciais da terapia psicadélica assistida, todos teriam experiências pessoais de percepção e memória, mas em estádios posteriores, seria revelado algo universal sobre a experiência humana no confronto com a morte. Ele descobriu que a experiência psicadélica leva a pessoa em direção à completude e oferece oportunidades de experimentar e de transcender a própria morte. O seu trabalho influenciou estudos mais recentes em instituições académicas sobre os benefícios da psicoterapia assistida por psilocibina, que mostram como uma experiência além do ego pode ser eficaz com pessoas que enfrentam sérios problemas de saúde ou em fase terminal. Essas experiências de morte e renascimento, segundo Grof, ocorreriam quando as pessoas revivessem os eventos do nascimento e do trauma: o primeiro estádio da unidade primordial com a mãe, bem-aventurança oceânica, geralmente reconfortante com um sentido de sacralidade. Uma segunda fase que traz a sensação de contração, antagonismo com o meio ambiente, confinamento, sofrimento infernal e impressão de asfixia. Depois, uma fase de impulsionamento e encontro com a morte viria e exigiria a renúncia ao controlo. A quarta fase envolve separação e renascimento, a conclusão da luta. As pessoas experimentariam a salvação e aproveitariam o momento, “chegando à luz da vida”.


Em 1967, Grof foi convidado para trabalhar nos Estados Unidos, no Spring Grove State Hospital em Baltimore e no Maryland Psychiatric Center. Esse processo trouxe experiências além da estrita identidade individual para abranger outras realidades possíveis e outras dimensões da realidade além do self-objeto. Stanislav Grof reconheceu que o ego tenta dominar, mas precisa ser transcendido para se livrar da ansiedade e apreciar a conclusão de cada momento. O seu objetivo era não interferir, deixar o processo evoluir (como uma parteira) e permitir que o material inconsciente viesse à consciência e fornecesse o que o indivíduo precisaria de enfrentar. Ao dar liberdade ao inconsciente, traria os pacientes à fonte da experiência mística ou transpessoal além do corpo. Ele escreveu: “A fonte última da existência é o Vazio, o Silêncio supracósmico, o Supremo incriado e absolutamente inefável”. Ele chamou a esta consciência infinita de “Mente Universal”.

Stan e Christina Grof

A convicção de Grof de que a consciência é um fenómeno que não provém do corpo levou-o a desenvolver o campo da Psicologia Transpessoal. Em 1978 ajudoou a fundar a International Transpersonal Association, com James Fadiman e outros especialistas. Quando o programa de terapia psicadélica terminou, ele foi para o Instituto Esalen, onde conduziu workshops e investigou sobre trabalho de respiração e prática budista de Vipassana ou Mindfulness.

Ele e a sua falecida esposa Christina desenvolveram uma técnica chamada respiração holotrópica, que significa mover-se na direção da totalidade. É uma técnica derivada do pranayama yoga com respiração profunda e frequente, que diminui a resistência e abre um estado incomum de consciência. Grof casou-se novamente entretanto. Atualmente, ele é professor de psicologia no Instituto de Estudos Integrais da Califórnia, onde terapeutas e médicos são treinados em terapia psicadélica assistida. Ele escreveu mais de 100 artigos e vários livros. Dois livros seus mais recentes são The Ultimate Journey: Consciousness and the Mystery of Death (2006) e Psychology of the Future (2019), entre muitos outros: Realms of the Human Inconscious (1975), The Human Encounter with Death (1977), Beyond Death (1980), LSD Psychotherapy (1980), Beyond the Brain: Birth, Death, and Transcendence in Psychotherapy (1985), The Adventure of Self-Discovery (1988), The Stormy Search for the Self (1992), The Holotropic Mind (1992).

Albert Hofmann e Stanislav Grof

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