Podcast (Áudio)

Pedro Rodrigues – Saúde Mental, Ketamina e Terapia com Psicadélicos (podcast)

Médico psiquiatra, Pedro Castro Rodrigues desenvolveu durante o internato em psiquiatria um elevado interesse pelas neurociências e pelo funcionamento do cérebro. Realizou na Fundação Champalimaud um estágio opcional, e mais tarde também o seu doutoramento, incluindo um período na Universidade de Columbia, nos EUA. Após concluir esta etapa da sua vida académica interessou-se pelo potencial das terapias com uso de substâncias psicadélicas, tema que o fascinou e que tem aprofundado desde então. Atualmente é responsável por uma unidade de Psicoterapia Assistida com Psicadélicos, com ketamina, em contexto hospitalar (Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa – Hospital Júlio de Matos) e coordena, com a Psicóloga Ana Cruz, a clínica EXPANDED States of Mind, com uma oferta de características similares.

Nesta entrevista, Pedro Rodrigues começa por justificar a pertinência do tratamento com recurso a este tipo de substâncias, por comparação com os tratamentos com fármacos antidepressivos. Segundo o próprio, os antidepressivos continuam a deixar uma margem significativa de casos sem resposta, para além de demorarem várias semanas a surtir efeito. No caso da depressão, e sendo conhecida a sua relação com a tendência suicida, poder recorrer a um tratamento com efeitos mais rápidos (por exemplo, com o uso de ketamina) representa uma oportunidade clinicamente relevante. Outro fator a ter com conta prende-se com os efeitos secundários. Os antidepressivos têm, para muitas pessoas, efeitos secundários indesejados como o aumento de peso e a perda de desejo sexual.

Após uma apresentação da definição do termo “psicadélico” e de uma descrição dos psicadélicos clássicos e “atípicos”, Pedro Rodrigues faz uma descrição mais detalhada da ketamina que, ao contrário dos outros psicadélicos, foi há muitos anos aprovada como anestésico para utilização em contexto médico. Para além dos efeitos psicadélicos com potencial psicoterapêutico, é hoje sabido que a ketamina tem propriedades antidepressivas rápidas (atua horas após a toma) aumentando também a neuroplasticidade do cérebro. Os seus efeitos benéficos têm sido conseguidos inclusivamente com pessoas com depressão resistente a tratamento.

Na entrevista, são abordados também outros temas, nomeadamente os receios que as pessoas costumam reportar relativamente a estas substâncias (como por exemplo perder o controlo de si próprios), como se forma a nossa consciência, como a toma destas substâncias é influenciada pelo contexto (p.ex., se tem apoio de profissionais e se a toma é ou não feita em ambiente clínico), e a importância de se conciliar as sessões de ketamina com sessões de psicoterapia.

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