Ciência

Psicadélicos: Uma Nova Esperança Contra a Depressão (Prevenir)

“Olhados com desconfiança pela sociedade, os psicadélicos podem constituir um tratamento revolucionário para a depressão, stresse pós-traumático ou alcoolismo. Efeitos imediatos, ausência de toxicidade e eficácia prolongada são algumas das vantagens. Portugal está na rota das investigações.

No imaginário coletivo, cogumelos mágicos, LSD ou ecstasy estão associados à contracultura dos anos 60 e ao movimento hippie que os popularizou como “drogas do amor”. O que é menos conhecido é que nos anos 50 e 60 foram feitas dezenas de estudos científicos em patologias diversas, como depressãoansiedade e até psicoses. As farmacêuticas Merck e Sandoz, que tinham sintetizado a psilocibina (substância presente nos fungos psicotrópicos) e o LSD em laboratório, enviavam-nas para os psicoterapeutas explorarem nos consultórios, onde eram usadas inclusivamente em terapia de casal. Os resultados eram promissores, mas numa reviravolta digna de filme policial acabaram proibidas nos EUA, em 1969, num movimento que se estendeu ao resto do globo e «cujo resultado foi uma interrupção de décadas no desenvolvimento de pesquisas científicas em todo o mundo», afirma o médico psiquiatra Albino Maia. Esta história é contada em detalhe pelo jornalista de investigação Michael Pollan no livro How to Change Your Mind– The New Science of Psychedelics (cuja edição portuguesa, Como Mudar a Sua Mente, da Primebooks, tem prefácio de Albino Maia), que explica como o ex-presidente dos Estados Unidos da América Nixon encetou uma guerra às drogas, pondo no mesmo saco psicadélicos e drogas como cocaína ou heroína, de efeito reconhecidamente destrutivo.

O regresso dos estudos

Na verdade, «os psicadélicos não causam toxicidade nem dependência e, dentro do contexto clínico e de investigação, não são conhecidos efeitos secundários sérios», assegura Albino Maia. «Pelo contrário, as pessoas tratadas com psilocibina têm sobretudo sentimentos positivos e, quando são negativos, é num sentido terapêutico, de cura. Referem amiúde uma sensação de renascimento para a vida numa experiência que é qualificada em alguns estudos como uma das mais importantes, equivalente ao nascimento de um filho ou a um casamento. Isto ocorre porque alterações que promovem no cérebro afetam o âmago do que é considerado o “eu”, fazendo um “reset” temporário nos circuitos neuronais habituais e promovendo uma nova forma de ver a vida», explica o psicólogo clínico João da Fonseca, um dos poucos especialistas portugueses em psicoterapia com psicadélicos e um dos responsáveis pelo acompanhamento dos doentes na pesquisa que a Fundação Champalimaud está a realizar sobre o efeito da psilocibina na depressão resistente ao tratamento, isto é, doentes que não responderam a, pelo menos, dois tipos de tratamento psiquiátrico para a depressão.

(…)”

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Fonte: Prevenir
Autor: Bárbara Bettencourt
Data: Outubro 2020
Ligação: Publicação original

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