Conferências

Robin Carhart-Harris Comunica Sobre Medicina Psicadélica (Summit at Sea)

Como parte do evento Summit at Sea, o investigador Robin Carhart-Harris foi convidado para falar sobre a neurociência dos psicadélicos, em formato de entrevista. Apesar do foco ser nos processos neurofisiológicos dos psicadélicos, o investigador acabou por falar, de forma aprofundada, de outros temas relacionados com a terapia-assistida por psicadélicos. À primeira pergunta, relativa à definição de psicadélicos, o investigador respondeu dando ênfase à etimologia da palavra. Esta não é a primeira vez que o Robin Carhart-Harris realça, desta maneira, a importância dos efeitos subjetivos decorrentes da ação neurofisiológica dos psicadélicos, tendo os psicadélicos clássicos (psilocibina, mescalina, DMT, LSD), segundo o mesmo, os efeitos psicológicos mais interessantes.

A interação entre substância e contexto psicoterapêutico é a razão pelo qual este modelo parece resultar, tratando-se assim de uma mudança de paradigma importante no tratamento das condições de saúde mental. Para o investigador, a psicoterapia-assistida por psicadélicos pode ser uma resposta à falta de eficácia dos atuais tratamentos para condições de saúde mental, uma vez que poderá atuar diretamente nas causas e não apenas nos sintomas. Para além de “revelarem a mente”, Robin Carhart-Harris acredita que os psicadélicos podem ser também reveladores do inconsciente, diminuindo assim a vulnerabilidade às suas dinâmicas e que a evidência científica poderá funcionar como uma força de desmistificação, uma vez que poderá levar a uma compreensão mais profunda dos mecanismos de ação destas substâncias e a forma como atuam na doença mental, e até mesmo aprofundar a apreciação relativamente às experiências psicadélicas.

Afirma, contudo, ainda existir espaço para melhorias no modelo de terapia-assistida por psicadélicos, aludindo para o facto de que os ensaios clínicos iniciais contêm limitações decorrentes do baixo financiamento, mas que um maior investimento na investigação poderá resultar em melhorias significativas, como o aumento das sessões de tratamento. Apesar da sua visão positiva e esperançosa quanto ao futuro da medicina psicadélica, prevê a ocorrência de sérios efeitos adversos decorrentes da severidade e complexidade das doenças que serão tratadas. Vê, por isso, como necessário criar uma resiliência à volta da terapia-assistida por psicadélicos através da evidência científica e da contínua discussão e reflexão sobre os riscos, com o objetivo de mitigá-los.

Sendo um dos mais reconhecidos investigadores na área da ciência psicadélica, Robin Carhart-Harris já participou em inúmeros iniciativas, algumas das quais já foram destacadas em dois recentes artigos:
Carhart-Harris Explica Princípios da Psicoterapia Psicadélica (Webinar)
Substâncias Psicadélicas e Saúde Mental Abordadas no Podcast Huberman Lab

Deixe um comentário